domingo, 6 de outubro de 2013

POEMA - 8º ANO

Amar

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

                                                      Carlos Drummond de Andrade

Leia o poema com atenção para responder às questões propostas.

1)    Analise, inicialmente, a primeira estrofe.

a)    Segundo o “eu poético”, o ato de amar é uma vocação. Que versos sugerem essa ideia?

b)   É possível perceber que, segundo o “eu poético”, o ato de amar acontece quando o indivíduo se encontra em uma determinada circunstância. Que circunstância é essa?

c)    Amar, de acordo com o poema, é uma atitude finita? Justifique sua resposta.


2)   Na segunda estrofe, o “eu poético” diz que o ser amoroso, em rotação universal, também pode amar.

a)    Qual é o sentido da expressão “ser amoroso"?

b)   Na estrofe inicial, foi mencionado que o ato de amar acontece em um determinado contexto, ou seja, entre criaturas. Na segunda estrofe, há uma palavra que se opõe a essa ideia. Que palavra é essa?

c)    Mesmo mencionando essa palavra, pode-se dizer que ainda prevalece a ideia da existência do amor somente entre as criaturas? Justifique a sua resposta.


3)   Ainda na segunda estrofe, ao empregar a palavra mar, o “eu poético” estabeleceu uma relação de semelhança gráfica e sonora com a palavra amar.

a)    A palavra mar também reforça a ideia do movimento cíclico do amor. De que forma isso está sugerido nessa estrofe?

b)   Releia o último verso da estrofe: “é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?” De maneira figurada, o “eu poético” revela três diferentes forma de amar. O que você consegue apreender com base nos elementos citados?


4)   Observe que na terceira estrofe o “eu poético”, usando a linguagem figurada, fala em amar aquilo que é áspero ou inóspito, sem vida ou vazio.

a)    As ideias “um vaso sem flor”, “um chão vazio”, “o inóspito”, “o áspero” e “as palmas do deserto” apresentadas no poema podem ser consideradas elementos figurados que representam características ou atitudes humanas? Em caso afirmativo, que características elas apresentam?

b)   Note que o “eu poético” ainda fala em amar “o que é entrega ou adoração expectante” [que espera], “a a rua vista em sonho” e “uma ave de rapina”. Esses elementos parecem não ter relação de sentido com os mencionados na questão anterior. Assim, responda: o que é possível afirmar sobre esses elementos, refletindo sobre o ato de amar?


5)   Na quarta estrofe, o “eu poético” diz que o destino do ser humano é amar sem conta, ou seja, de maneira ilimitada, como uma forma de doação.


a)    O que significa no poema “doação ilimitada a uma completa ingratidão”? O “eu poético” está se referindo ao amor não correspondido ou estaria falando sobre o amor desinteressado, de pura entrega?

b)   Em que versos dessa estrofe o “eu poético” sugere novamente a ideia do movimento cíclico do amor?

c)    Ao falar em “concha vazia do amor”, o “eu poético” remete novamente para a figura do mar, mencionada na segunda estrofe. No contexto do poema, o que essa imagem pode estar representando?


6)   Releia a última estrofe e observe que novamente ele remete para a ideia de que amar é um sentimento inesgotável. Que expressão está sugerindo essa forma de pensar do “eu poético”?


Bom trabalho!
Abraço, profa. Joséli



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